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date: 2013-06-29T00:00:00-05:00
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title: "A era da mediocridade"
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tags: [pt_br, rant, thoughts]
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Eles escrevem em paredes. Mas são digitais, dentro de muros ainda mais
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altos, controlados por uma ou mais empresas, tendo a ilusão de ótica de
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estarem se organizando por um bem maior, quando na verdade não passam de
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fantoches. Seja bem vindo ao planeta Terra, ano de 2013, século XXI. Vou
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falar um pouco sobre o que está acontecendo nesta realidade em que,
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fortuitamente ou não, estou inserido -- mesmo sem participar.
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Este post não pretende ser nada além de um post. Não vai ter links,
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referências, nem nada. É só uma descarga mental.
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Eric Hobsbawm provavelmente ficaria em dúvida se decidisse lançar mais
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um dos seus inestimáveis livros sobre Eras, que falasse sobre esse
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período que a humanidade está vivendo desde idos da década de 80 ou 90.
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A dúvida, superficialmente, seria simples: uma palavra que definisse,
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talvez não de modo unívoco mas ainda assim de maneira contundente, a
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dita Era. No entanto, se analisássemos a questão de modo um pouco mais
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profundo, veríamos que as opções para a tal "palavra" seriam muitas, e
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muito ruins.
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Hobsbawm não está mais entre nós. Mas isso não deixa a dúvida menos
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incômoda. Vivemos várias eras em uma só, a da mediocridade (que foi a
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palavra escolhida como título do post, mas apenas porque foi a primeira
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que me veio à mente), a era do egoísmo e do individualismo, a era do
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descaso, a era da burrice coletiva, a era da falta de compromisso, da
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falta de interesse, da falta de amor, da manipulação, da vontade de ser
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manipulado.
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Recentemente, no Brasil, estamos vendo manifestações populares pipocando
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a torto e a direito. Pessoas diversificadas dentro de uma mesma classe
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média saem às ruas com bandeiras, hinos e muito partidarismo disfarçado.
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As reivindicações são muitas, de esdrúxulas a absurdas, passando pelo
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generalismo e falta de argumentos. O que querem esses caras pintadas,
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esses brasileiríssimos filhos com máscara hollywoodiana gritando frases
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de propagandas de televisão? Essas pessoas instruídas a colocarem
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expressões em *hashtags* em cartolinas? Esses cidadãos exemplares e
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sociais nas redes?
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Acordar, acordar mesmo, é uma expressão muito forte. Há que se tomar
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cuidado com o orgulho cego que nos lança luzes fortíssimas na cara a fim
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de nos fazer acreditar que daqui pra frente, tudo vai ser diferente. E
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essa falsa certeza absolutamente irrefutável, que é cada vez maior
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quanto mais nos enfiamos nesses meios de comunicação dessa era em que
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vivemos, é perigosa como qualquer outro dogma inquestionável.
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De um lado, já sabíamos há muito tempo que um governo ditatorial como o
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dos Estados Unidos espiava e ainda espia tudo o que lhe convém. Já
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sabíamos, mas mesmo assim só vejo pessoas surpresas com essa cortina de
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fumaça (sim, existe um motivo maior pra essa história toda vir à tona)
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jogada sobre nós. Parece que precisavam de um nome, e PRISM caiu bem,
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lembra um pouco aqueles mega computadores de livros de ficção
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científica, medonhas máquinas que só sabem usar números pra matar. Então
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agora, já que temos um bom nome, todos aqueles que antes tinham se
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esquecido da espionagem agora dizem que "deixou de ser teoria (da
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conspiração)". Deixou? Já foi? Ou era você que não queria ver? Que se
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esquecia, porque convinha?
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De outro, temos os rueiros, manifestantes que, imbuídos de um espírito
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que quer lutar por mais justiça e, consequentemente, liberdade, abusam
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de um Facebook (ou "face", praqueles que possuem a síndrome de
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Estocolmo) para organizarem coisas, para combinarem festas, para
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encontrarem parceiros, para viverem (ou terem essa ilusão). Fantoches,
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que se colam nas mãos de uma empresa, que não querem sair, criam
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dependência e subserviência, e assim acham que se tornam mais
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brasileiros.
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No centro, o nada. O vazio. A coisa-nenhuma, amiga inseparável e
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confidente desses tempos que vivemos. Vácuo e zero se fundem num
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emaranhado de matéria e anti-matéria. Nenhuma energia se cria, toda
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energia é consumida e transformada nessa roda-viva teatral que nos leva
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de volta ao começo do fim. Todos os posts são perdidos, todos os *likes*
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são pedidos, todos na rua porque hoje é mais um dia como outro qualquer
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e diferente de tudo o que já foi.
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Quando penso no que éramos e no que nos tornamos, choro por todos os
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motivos conhecidos e que ainda hei de conhecer. Estamos na descida, e eu
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ainda não vejo o fundo do vale.
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